terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Roda com Mestre Bimba



Esse episódio aconteceu numa roda em Goiânia,logo que o Mestre Bimba lá chegou com sua comitiva. A intenção não é a de mostrar qualquer superioridade em relação aos alunos do mestre Bimba,mas sim a de apresentar-vos uma pessoa grandiosa que aplaudia as coisas boas e aceitava inovações. Não era um figura estática,inquestionável. Sua visão da capoeira não estava restrita a conceitos imutáveis,universais.

Vou contar uma história


Com "H" e não com "E"
História com "E" tem muitas.
Folclore pra quem quiser.

História que não se escreve
Vento vem ,leva a metade
Se inverter, seis vira nove
E lá se foi a verdade.

No ano setenta e dois
Século vinte passava
Numa roda em Goiânia
Mestre Bimba comandava.

Era lá na rua sete
Dentro de uma galeria
Mestre Oswaldo era o dono
Dessa humilde academia.

Para mim foi uma honra
Mestre Bimba por inteiro
Comandando com seu gunga
Mestre Gigante o pandeiro.

Eis que durante um corrido
O meu jogo foi comprado
por um negro alto e forte
E eu ,só um magro suado.

Fintei meia lua cheia
Mas fingí,só meio giro
Previsando a vingativa
Que entrou como um tiro.

Segurei o pé de ataque
Do outro no chão plantado
Tentando me segurar
E o tombo foi consumado.

Eu caí por cima dele
Temendo chave mortal
Me girei cotovelando.
Em saída triunfal.

Nesse momento,silêncio
Mestre Bimba interrompera
Só falava o grandalhão:
"Isso,não é capoeira!"

De calado, fiquei mudo
E parado onde eu estava
Esperando pela bronca
Mas não se falou palavra.

Pôs os óculos de novo
E a roda recomeçada
Berimbau falando alto
O que houve não foi nada.

Essa história é pra falar
Desse homem genial
Que era aberto para o novo
De maneira imparcial

Se para o grandão,o tombo
Não era da capoeira
Para ele uma verdade
E verdade é sem fronteira.

Pra quem não o conheceu
Ou só o viu de brincadeira
Leve essa minha lembrança
Desse rei da capoeira.

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